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Sons de sim – "Enfeites de cabocla"

sábado, 21 de abril de 2007

A difícil arte de continuar




“Dança”


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Este vídeo de "Dança", composição de Chico César, originalmente no álbum Mama Mundi (1999), é gravação de sua participação especial em show de Badi Assad, paulista de São João da Boa Vista e uma das estrelas da MPB na atualidade, assim como o paraibano.


Badi Assad, como interpréte, transita com enorme competência pela diversidade de estilos da música brasileira, somando a suas performances seu gosto e influências que absorveu do jazz e dos blues.

Chico César é um grande compositor. Músicas como as recentes "Moer cana" e "1 valsa pra 3" calam com seus versos e melodia tristes da solidão. Voltando a uma das que mais sucesso tem feito, "Pensar em Você", de metro fácil e referindo-se a saudade e desejo que contornam a solidão, traduz o que são os pensamentos que suprem a ausência de alguém.

A solidão é um enfrentamento do ser exilado pelas diferenças no mundo, que o compositor também sabe contemplar como em "Dança".

Desse enfrentamento se é levado a buscar as identidades que nos configuram. Daí a força reivindicatória de suas canções que buscam em África, Amazônia, Agreste e no planeta todo ("Mundo") suas raízes alternativas àquilo que parecemos ser. "Aquidauana", "Mama África" e interpretações carregadas de sentimento em clássicos como "Cálice" (Gilberto Gil/Chico Buarque) se entrelaçam nessa imensa e diversa busca.

Podemos dizer que há uma poética (lançou recentemente Cantáteis, primeiro livro de poemas e projeto a ser musicado) que forma uma geografia do sentimento. Geografia na amplitude social e cultural que o termo exige, pois não há descrição euclidiana da terra, mas uma terra que nasce no anteparo do olhar reivindicatório de seu povo, seja índio, nordestino ou afro.

A difícil arte de continuar é um atributo presente em Chico César e Badi Assad (sobre quem trataremos mais a frente) no sentido que eles se inserem numa tradição rica e que não é nova, e que parecia esgotada. As canções de amor de Chico César não são "caretice ou romantismo brega", pois que ele é um dos poucos que puxou a corda precisa do melhor de nossa música em um momento que esse elemento estava frouxo. A tensão que ele empregou ajudou muitos novos e reais talentos e colabora para o bom momento que atravessa a MPB.

3 comentários:

Sidarta Martins disse...

É duro um artista colocar em sua arte conceitos muito sofisticados pelos quais os apreciadores tem de passar.

Faz tempo que não vejo algo superior que conjugue o alto e o simples. Deve ter, eu é que não sei direito.

Sidarta Martins disse...

O que o Canto do Caracol recomenda na Virada Cultural?

marcio cenzi disse...

uma vez vi badi e chico césar cantarem "ai que saudade d'ocê".
recentemente vi chico césar com xangai e o quinteto da paraíba.
chico césar está cada vez mais distante do mainstream.
independência é sempre bom