nunca se demora,
madrugadora,
a filha de Dora, agora,
barriga de fora, mãos ainda suaves e um olhar onde explode tristeza
e esconde sua vertiginosa beleza,
na vida ingrata vem catando lata numa luta tola.
Natália cata latinha
pra mais tarde comê farinha
e meia salsicha se sobrar.
Vem batendo latinha com latinha,
de coca, guaraná.
Seu saco negro é um grande chocalho,
balaio de tensões intraduzíveis:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá,
balançando lentamente o barulho de lata amassada,
alumínio mínimo da vida que passa,
que amassa
latinha
e amassa
Natália, a menina.
O homem da lata com fã mirim
Foto: Rodrigues Moura/ECOPOP
3 comentários:
quase um mês sem postar nada.
como é que fica, hein?
Feliz Natal, Sílvio. Saúde e Amor.
Bj-e
NATAL À BEIRA-RIO
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
David Mourão-Ferreira
e os posts novos?
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