Havia uma flor em sua mão mas pedra em seu olhar,
rocha úmida,
lavada no rebate de ondas daquela tristeza feroz.
Pôs a flor acima desse mar.
A lis pairava em seu cabelo como estrela única em noite escura.
Ela sorria. Ato nervoso que lhe era o manto possível no recobrimento de mágoas.
Muitas havia como a areia,
que impiedosamente é coberta pelo véu das ondas na praia.
Sorria assim. Misteriosa, nervosa e freqüentemente sorria.
Percebeu na flor debilidade, porém havia beleza.
Quis fragilizar-se, mas era ainda rocha.
Quanto mais lavava de sorrisos nervosos o seu olhar, mais o sentia se enegrecer de incrustações.
A flor foi perdendo o sentido de ficar ali,
pois não podia viver naquela rigidez
que aumentava a cada sorrir.
Até se desgarrar e ser levada para longe
pelas ondas que a rebotavam sobre seu úmido olhar.
Foto: Mutilação 2, de Manuel Gonçalves
Um comentário:
Infelizmente, há a pedra... Porque lugares com terra não existem mais.
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