Admiro o samba paulistano. Adoniran Barbosa, além de sua genialidade, consagrou um estilo tão simples, oposto ao rebuscamento no trato com a palavra, composto pela fala nua, com todas as suas trocas fonéticas: Ernesto/Arnesto, fomos/fumo etc.
Desse modo, manifesta o modo despojado e direto que essa cidade reclama aos seus moradores. A riqueza cultural de SP passa por esse samba que retrata as dores que moram de aluguel no peito do paulistano.
Há uma importância singular e didática nessa manifestação cultural. Ela ensina a admirar e amar uma cidade repleta de contradições, a qual reúne no mesmo instante o luxo e o lixo, a linguagem sofisticada da poesia concretista e a popular do samba, o megaempresário e o camelô, o ódio e o amor. O paulistano samba e contempla, ri e geme, vive e morre no samba de São Paulo.
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