Quando os segundos
nos minutos moram,
breves minutos se demoram.
E se os segundos
moram na hora,
ainda maior a demora.
Se nós humanos contamos
não as horas, mas o dia,
fica maior a agonia.
Se quem espera,
de contar as horas
um momento se ausentar,
ganharia muitas horas
e poderia ler
ou, quem sabe, até sonhar.
Leria este poema
e se esqueceria de todo problema,
as horas até perderia,
minutos não contaria,
e cada segundo gostaria
que eterno fosse
e se demorasse
e jamais passasse.
O fim do ano chegando,
muito tempo saiu ganhando
com o trabalho fundindo ao gozo
e o gozo à espera
de um tempo novo,
uma nova era,
em que despreocupados todos do Tempo,
este deixaria de ser tormento
e seria fiel aliado
em esforço conjugado,
então, todos, sem exceção, seriam sempre esta criança...
ou aquela
ou uma outra
segurando um relógio como mera fotografia
ou uma ampulheta como brinquedo
construindo uma morada para o Tempo se abrigar,
o Tempo, que teimosamente foge do ócio.
Por isso, quem tem pouco tempo,
sempre diz que tem um negócio,
e não pode mais ficar.

Um comentário:
Excelente poesia! Faz a gente refletir um pouco mais, especialmente nessa época "multitarefa" onde o tempo parece passar tão rápido.
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